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Conselheiros do Modelar a Metrópole avaliam diagnóstico e visão de futuro

21 de julho de 2016

Um público de mais de 110 pessoas, formado pelos integrantes do Conselho Consultivo do Modelar a Metrópole reuniu-se, na manhã desta quarta-feira, 20 de julho, para a apresentação do trabalho produzido na primeira etapa do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da Região Metropolitana do Rio. O evento aconteceu no Salão de Vidro do Anexo do Palácio Guanabara, e teve a participação do diretor-executivo da Câmara Metropolitana, Vicente Loureiro, do consultor internacional Willy Muller, do urbanista Jaime Lerner e do coordenador-técnico do Plano, Alexandre Weber.

Foi a primeira reunião do Conselho Consultivo, empossado em 22 de março. Representantes de instituições públicas, da sociedade civil, concessionárias de serviços, empresários, associações de classe tiveram acesso aos produtos preliminares de Diagnóstico e Visão de Futuro, criados após meses de diálogo em 12 oficinas, das quais participaram mais de mil fluminenses atuantes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A integração e qualificação da gestão dos municípios, a expansão dos transportes intermodais e a criação de novas centralidades foram alguns dos principais temas apontados como os desafios a serem enfrentados nos próximos 40 anos.

Vicente Loureiro deu início relatando o processo participativo: “Nesse ambiente conturbado conseguimos produzir um espaço de participação e de diálogo saudável. Esperamos a cooperação de todos vocês no próximo semestre. Será uma oportunidade para colocar esses temas na agenda política”, declarou.

O arquiteto argentino Willy Muller apresentou aos participantes uma palestra sobre o desenvolvimento de tecnologias e soluções que estão sendo desenvolvidas por pesquisadores nas grandes cidades do mundo. No planeta, os grandes espaços metropolitanos enfrentam desafios semelhantes para tornarem-se mais democráticos e oferecerem boa qualidade de vida.

“O ser humano está há mil anos buscando e criando um conhecimento específico para descobrir onde e como se deve morar. Nessa década nós escolhemos a cidade como esse espaço e pela primeira vez a população urbana superou a rural. A teoria de Reiner Graaf (arquiteto alemão) explica que o crescimento exponencial das cidades não é proporcional à melhoria da condição de vida das pessoas. Será que estamos preparados para os desafios?”, indagou o consultor.

Para enfrentar esses novos desafios, Muller defende a necessidade de “reprogramar as cidades”, pensando soluções transformadoras a partir de tecnologia. Ideias como a produção de alimentos em ambientes urbanos, redução radical de vias disponíveis para automóveis, uso de dados gerados por redes sociais para compreender o uso de espaços e orientar políticas de turismo foram citados como possibilidades a avaliar pelo diretor do projeto “Reflexão Estratégica de Barcelona”, análise e diagnóstico da Área Metropolitana de Barcelona.

O arquiteto Willy Muller discutiu soluções para metrópoles testadas no mundo

O arquiteto Willy Muller discutiu soluções para metrópoles testadas no mundo

Em seguida, o economista Alexandre Weber, da Quanta consultoria, apresentou os resultados preliminares do Diagnóstico da Metrópole relacionado aos seus seis eixos estruturantes. O coordenador mostrou cenários a serem buscados para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro de modo a superar mazelas antigas do território.

“Na parte de economia apareceu uma excessiva concentração das atividades na capital. Além disso, também existe a dependência do petróleo. Isso não é colocado como problema, mas é algo sobre o que temos de refletir”, comentou. Na habitação, Weber citou que a cada ano a mancha urbana cresce 55 quilômetros quadrados, enquanto permanece um déficit de 324 mil domicílios. Mais de 700 mil domicílios carecem de infra-estrutura. “Pensar o entorno das residências também precisa ser parte da política habitacional”.

Weber também alertou para os problemas na administração dos municípios: “A comunicação interna dentro do estado e entre os municípios se mostra insuficiente para dar resposta ao interesse comum. Isso é algo que irá ser amenizado com a instituição da câmara. Um estudo mostrou que das principais Regiões Metropolitanas do Brasil, a do Rio é a que tem menor capacitação de gestão e qualificação técnica nas prefeituras. Muitas das prefeituras estão com planejamentos da década de 70, não adaptados ao século 21”.

A seguir, o urbanista Jaime Lerner citou três diretrizes para o desenvolvimento metropolitano do Rio de Janeiro: uma Baía de Guanabara reinventada; o desenvolvimento urbano a partir da malha ferroviária e do Arco Metropolitano. Além disso, ele ressaltou a necessidade de valorização da memória, da história e identidades locais de cada município.

“A cidade sempre vai atrás do trilho ou nas trilhas do transporte e da memória. Assim, chegamos mais perto de um desenvolvimento integrado mais propício.” Lerner propõe a reinvenção da Baía a partir da transformação de Gramacho, em Duque de Caxias. “É transformar essa região em um grande parque interligado com outras áreas”, explicou. A orla de São Gonçalo também seria revitalizada.

Ao justificar a necessidade da criação de um Plano Metropolitano, Lerner ressaltou que essa pode ser a primeira região do mundo a pensar moradia, mobilidade e serviços de forma integrada. “Não me assusto quando os dados mostram impossibilidades. Os diagnósticos são assim mesmo. O que vejo nesse projeto é a possibilidade de grandes exemplos pro país e até pro exterior. A cidade não é para pessimista. A Cecília Meireles disse uma vez: a vida só tem sentido quando você se reinventa. O que discutimos aqui são reinvenções para pensar um território que tem a possibilidade de virar exemplo”.

Após ouvirem as apresentações, os conselheiros puderam colocar indagações, propostas e contribuições para a Visão de Futuro, que só será apresentada em sua plenitude no final do mês de agosto. O Presidente do Instituto Pereira Passos, Mauro Osório, criticou a falta de programas acadêmicos voltados para o estudo da Região Metropolitana e cobrou mudanças na gestão pública. “Nenhum mestrado ou doutorado ainda existe para pensar a Região Metropolitana. Em relação à periferia: primeiramente precisa-se mudar os prefeitos. Para se obter profissionais qualificados na gestão municipal, o chefe do executivo precisa querer tais profissionais qualificados.

Já para o presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Paulo Protasio, é necessário um detalhamento das metas de implantação das soluções que foram apresentadas pelo Consórcio. “O maior desafio nosso é o político, e por isso precisamos de um calendário com metas de implementação dessa Visão de Futuro. Quando coordenei o Plano Diretor da cidade do Rio, vi que ninguém queria mudar a cidade. O Plano levantou a necessidade de um arco rodoviário (antiga RJ-109) e também definiu a vocação olímpica para a cidade. É preciso pensar em longo prazo”.

 

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