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Alberto Strozenberg: “O retorno das opiniões é fundamental para a finalização das propostas do Plano”

14 de agosto de 2017

Alberto Strozenberg assumiu, na fase atual, a função de interlocutor entre os agentes de Participação e os especialistas que trabalham na criação do PDUI/RMRJ. Especialista em planejamento e problemas de grandes aglomerados urbanos e países periféricos, é engenheiro elétrico com pós-graduação em Engenharia de Produção e especialização em Engenharia Econômica e Administração Industrial e Administração Financeira. Em sua extensa carreira ocupou cargos como o de diretor de Projetos do IPLAN, subsecretário de Estado de Transporte do Rio de Janeiro e chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Controle.

 

Quais os desafios da integração do Plano com as diferentes agendas?

Às vezes, as pessoas têm uma visão da vida cotidiana muito limitada e consideram problemas pontuais, como o buraco na rua onde moram. Estou usando um exemplo máximo. Obviamente, isso é uma questão desagradável para os moradores, mas não atinge a sensibilidade do Plano. Eu acho que a maior dificuldade que temos hoje é conseguir extrair daquele público presente opiniões que sejam de acordo com o nível do tratamento das informações que estamos dando. É fundamental que a gente fale de uma maneira clara sobre as ideias e receba, como resposta, as críticas àquelas ideias ou semelhantes. Essa realmente é a maior dificuldade. Quando vem uma opinião que é baseada em experiência, em algum fundamento da vida de quem a propôs, a gente vai ter o trabalho de pensar nisso, verificar e, se achar que tem algum pé na realidade, incluir no Plano, ou, pelo menos, considerar essa participação com muita atenção.

 

Qual a importância das contribuições externas na construção do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro?

Desde o começo, eu estou muito ligado ao Plano, participando do lado do ouvinte em várias reuniões e conselhos. Quando estou junto do público, eu percebo a perspectiva e a vontade de quem assiste e dá sua opinião. E isso tem uma reverberação na elaboração do Plano. Agora, com a oportunidade que se inicia, nessa fase em que o Consórcio Quanta-Lerner e a Câmara Metropolitana já estão prontos para ações mais definitivas, é o momento de a gente ouvir diferentes grupos de pessoas, especialistas ou não, população em geral. Nada mais necessário que outras pessoas que estão em outros locais, outras frentes, outras visões da realidade agora tragam as suas colaborações. Então, neste final, depois de irmos várias vezes às comunidades e colher o que nos pareceu lógico, o retorno das opiniões é fundamental para a finalização das propostas do Plano.

 

Como será a sua participação a partir de agora?

Em tempo integral. Para quem passou os últimos dois anos acompanhando os trabalhos, poder ajudar agora é algo muito animador. Eu vou a essas reuniões que estão sendo marcadas nas prefeituras, entidades, conselhos, conselhinhos para participar e trazer de imediato as diferentes opiniões, conversar com os especialistas das áreas, conversar com a coordenação, me fazer ouvir de forma a entender o que são as proposições. Trazer situações que a gente ainda não havia pensado e então, com a colaboração desse público, considera-las e inclui-las no Plano.

 

Quais os riscos de o Plano não sair do papel?

O risco é grande porque a gente está num momento complicado de governança. O nosso papel no Consórcio e o papel da Câmara Metropolitana é o de ter coragem e tocar em frente. O Consórcio hoje conta com pessoas de muita experiência, que já participaram de planos que ficaram no papel. Hoje, nós estamos com uma tendência muito clara de apresentar um plano prático. Se houver condições de a Câmara seguir o seu trabalho, o risco de ficar no papel será menor. Mas o problema é que a situação política do estado está muito complicada.

 

Este é o primeiro plano integrado de desenvolvimento para a Região Metropolitana do Rio. Por que o senhor acha que levou tanto tempo para a sua realização?

Eu não sei se a Fundrem (Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro) fez um plano ou não, mas era um órgão de atuação muito forte na Região Metropolitana. Isso por volta de 1970. Eu trabalhei para a Fundrem e todos esses consultores a conhecem. Todos nós tivemos o gostinho de já ter tido alguma experiência de Região Metropolitana no Rio. E era muito interessante. A gente não sabia que era feliz.  Não é à toa que as oportunidades acontecem. A fala, o discurso e a falta da Região Metropolitana já é sentida há algum tempo e vem se acirrando. As condições de transporte, de saúde, as discussões sobre territórios, água… são assuntos que estão amadurecendo e já não é mais possível que não exista uma Entidade Metropolitana. Mas não quer dizer que vá haver facilidade na adesão dos municípios. Na verdade, isso é uma questão política de a gente realmente conseguir adequar as nossas visões ao carinho que os municípios têm com seus vizinhos e tudo mais. É uma questão delicada, mas indiscutivelmente necessária. Qualquer um que não esteja envolvido no poder individual do município há de concordar que tem que ser feito. Quem está no poder no município tem a possibilidade de entrar ou não de cabeça na Região Metropolitana. Tomara que entre!

 

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