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Representantes de 21 municípios apresentam ideias para desenvolvimento metropolitano

12 de setembro de 2016

Implantação da Transmetropolitana, uma nova rodovia para interligação entre municípios na Baixada Fluminense; o incentivo à geração de empregos no entorno do Arco Metropolitano, em Magé; e oferta de incentivos para o fortalecimento da economia em São Gonçalo. Estas foram algumas das sugestões apresentadas por secretários e técnicos dos municípios da Região Metropolitana e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, reunidos no último dia 9 de setembro, durante o Encontro Projetos Urbanos Multifuncionais, realizado no Palácio Guanabara.

O evento foi promovido pela Câmara Metropolitana, em parceria com a WRI Cidades Sustentáveis, entidade que integra o Conselho Consultivo do Plano Estratégico da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PDUI-RMRJ). A programação teve início com o discurso do diretor-executivo da Câmara Metropolitana, Vicente Loureiro. Ele foi acompanhado na mesa de abertura por Luis Antonio Lindau, diretor do WRI Brasil Cidades Sustentáveis; Delmo Pinho, subsecretário de Estado de Transportes do Rio; e Giovanni Guidoni, secretário de Urbanismo, Habitação e Meio Ambiente de Nova Iguaçu.

Loureiro enfatizou que as ideias apresentadas no dia servirão de subsídio para o PDUI-RMRJ e os Planos de Mobilidade Urbana (Promob) municipais, em elaboração sob a coordenação da Câmara Metropolitana.
“Nosso grande desafio é passar do discurso para a prática. Muitas vezes, ao elaborar projetos, reforçamos a visão setorial, com resultados insignificantes. O objetivo é melhorar a vida metropolitana e desenvolver um modelo mais sustentável para esses municípios, que leve mais qualidade de vida para a população, e para isso precisamos buscar alternativas holísticas, desenvolvendo projetos multifuncionais”, afirmou.

Do 3D ao 3C

O encontro contou com as palestras de Nívea Oppermann, diretora de Desenvolvimento Urbano da WRI, que relatou a experiência do Transit Oriented Development (TOD), projeto de desenvolvimento urbano no entorno de estações, já implantado em cidades como Curitiba (PR). Segundo ela, o TOD é um modelo de planejamento que prevê a construção de comunidades urbanas seguindo um modelo 3C – compactas, coordenadas e conectadas. Para isso, parte de algumas premissas, como a densificação, o uso misto do solo, a oferta de espaços de lazer, emprego e moradia na mesma área e a implantação de infraestruturas de transporte coletivo de qualidade.

“O que a gente tem visto é que as cidades se desenvolvem no chamado 3D (distante, disperso e desconectado), ou seja, esse atual processo de expansão urbana faz com que as atividades nas cidades e a qualidade de vida do cidadão fiquem deterioradas. Quando a gente pensa no desenvolvimento e no transporte, o segundo é a principal atividade para desenvolver as atividades urbanas. É inviável pensar hoje, por exemplo, num bairro que só tenha moradias. A miscigenação das atividades é fundamental para que tenhamos cada vez menos a necessidade de se deslocar tanto para outros centros urbanos”.

O PDUI-RMRJ incorpora alguns princípios do TOD e prevê, por exemplo, a intensificação do uso habitacional onde já exista concentração de serviços urbanos (como transportes, escolas, hospitais etc) e a criação ou reforço de serviços em locais já densamente ocupados. “Quando aplicado de forma adequada, o TOD comprovadamente traz uma série de benefícios para a cidade – desde a redução do uso do carro até a criação de novas centralidades”, ressaltou Nívea.

O secretário de Fazenda da Prefeitura de Canoas (RS), falou sobre a implantação do aeromóvel na cidade gaúcha. “O aeromóvel foi pensado como um novo modo de transporte de massa e será o eixo central da rede de transportes em Canoas. É uma solução que será aplicada sem a necessidade de desapropriação das pessoas, além de ser integrado aos modos que já operam”, explicou.

O engenheiro e consultor Renato Grilo Ely defendeu as parcerias público-privadas como alternativa de financiamento para a implantação de sistemas BRT. “O BRT é um sistema que tem como resultados a divisão mais equilibrada do sistema viário e a redução nos tempos de deslocamento para os passageiros. A divisão de responsabilidades entre setor público e privado é um caminho para a implantação eficaz e com qualidade desses sistemas, com ganhos para os dois lados”, opinou.

“Vivemos um momento oportuno para pensar a construção das cidades. A Nova Agenda Urbana, que será debatida em Quito, no Equador, durante a [conferência] Habitat III, propõe que repensemos o desenvolvimento urbano, buscando um modelo mais equilibrado e sustentável. A Região Metropolitana do Rio vai nessa direção com o trabalho que vem sendo desenvolvido”, afirmou Luis Antonio Lindau, diretor da WRI.

Propostas

O Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado do Rio de Janeiro vai orientar o desenvolvimento das cidades da Região Metropolitana, endereçando desafios comuns e construindo soluções conjuntas para além da escala municipal. Com o objetivo de desenvolver propostas que contemplem os diferentes contextos e necessidades da região, representantes dos 21 municípios da RM participaram de uma atividade prática para pensar juntos em novas soluções.

Os participantes foram convidados a elaborar ideias e propostas relacionadas a dez tópicos de mobilidade e desenvolvimento urbano. Divididos em grupos, os cerca de 130 participantes analisaram os problemas e potencialidades de seis sub regiões da metrópole. Na sequência, os grupos elaboraram suas propostas, sempre a partir de uma abordagem global, com soluções integradas. Elas foram apresentadas pelos grupos, diante de um mapa da Região Metropolitana do Rio, para que pudessem ser debatidas com os demais.

As principais propostas apresentadas foram:

1) Niterói, São Gonçalo Itaboraí e Maricá – fortalecimento da centralidade de Guaxindiba, no bairro de São Gonçalo, e implantação do metrô ligando Niterói a São Gonçalo.
2) Centro do Rio de Janeiro e São João de Meriti – revitalização do bairro de Vilar dos Teles, em São João de Meriti e ligação do metrô no trecho Estácio – Carioca.
3) Zona Oeste do Rio, Seropédica e Itaguaí – revitalização do Porto de Itaguaí e duplicação da Reta João XXIII, em Itaguaí.
4) Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito e Tanguá – investimento de saneamento em Cachoeiras de Macacu e fortalecimento do município como fonte produtor de água mineral.
5) Duque de Caxias, Magé e Guapimirim – recuperação do trecho ferroviário entre Saracuruna e Guapimirim e reativação do porto hidroviário de Piedade, em Magé.
6) Nova Iguaçu, Belford Roxo, Japeri, Queimados e Nilópolis – construção da rodovia TransBaixada, ligando Duque de Caxias até Nilópolis, interligando a Via Light, a Rodovia Washington Luís e o Campo de Gericinó, em Nilópolis, e reurbanização da Rodovia Joaquim da Costa Lima, em Belford Roxo.
Vicente Loureiro comemorou a diversidade das propostas. “ É dessa complexidade – dessa multifuncionalidade – que precisamos para qualificar a vida nas nossas cidades. Nós temos a obrigação de buscar soluções que conectem as centralidades de toda a nossa Região Metropolitana e hoje avançamos nessa tarefa”, finalizou.

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