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Plano indica soluções para a universalização do esgotamento sanitário na RMRJ

23 de outubro de 2017

Quando o assunto é esgotamento sanitário, duas metodologias costumam dividir as opiniões de especialistas: tempo seco e separador absoluto. Esse foi um dos temas mais debatidos no processo de construção do PDUI/RMRJ. Mas o que elas significam e como funcionam?

Atualmente, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o sistema utilizado para tratamento de esgoto pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, a Cedae, é o separador absoluto. Neste sistema existem duas redes coletoras, a princípio absolutamente separadas, uma de águas pluviais, ou seja, águas das chuvas, que passam pelas bocas de lobo nos cantos das ruas e são direcionadas por galerias para desaguar diretamente nos corpos d’água, e outra que coleta o esgoto das habitações e instalações comerciais por tubulações e direciona esses efluentes para as Estações de Tratamento de Esgoto, ou simplesmente ETEs. Por sua vez, as ETEs tratam o esgoto recebido e devolvem esse conteúdo tratado aos corpos d’água. No entanto, o especialista em Saneamento Básico e Resiliência Ambiental do Consórcio Quanta-Lerner Paulo Canedo afirma que, ao contrário do que deveria ocorrer, existe a contaminação de uma rede pela outra.

“Basta você respirar fundo nas ruas próximo a uma boca de lobo que você certamente sentirá um cheiro desagradável de esgoto. Isso indica que há ali uma contaminação que, por princípio, não deveria ter ocorrido”, alerta o especialista. Para ele, a tubulação de esgoto que estoura e vaza na calçada, o óleo de automóveis e os dejetos de animais domésticos que são escoados para as bocas de lobo e principalmente as ligações clandestinas de esgoto na rede pluvial fazem com que o sistema de drenagem, que a princípio só deveria escoar água limpa, seja na realidade um elemento poluidor dos rios e córregos.

Como solução, Canedo aponta o uso de um sistema de transição, que consiste na captação em tempo seco em concomitância ao separador absoluto até que todas as obras necessárias para evitar a contaminação de uma rede pela outra sejam concluídas.

“Unimos a coleta de esgoto e de águas pluviais e direcionamos tudo para a estação de tratamento. Nos dias de chuva moderada ou forte, o sistema de tempo seco não dará vazão ao montante de água drenada, e então vazará diretamente nos corpos d’água, porém bastante diluídos pela chuva”, ressalta Canedo.

Segundo o especialista, outra forma de evitar que esses rejeitos caiam nos rios e mares pode ser a adoção de um sistema de coleta suplementar. Isso é feito, em geral, com um cinturão interceptador logo antes do corpo hídrico para servir de filtro: o lixo fica retido, o esgoto é direcionado para a ETE e, em eventos de chuva, uma água mais limpa flui para rios e praias. Essa é a configuração do sistema de tempo seco que existe em lugares como Copacabana, Lagoa Rodrigo de Freitas e Marina da Glória.

A técnica também foi indicada pelo PDUI como possível alternativa para auxiliar na despoluição da Baía de Guanabara. Segundo o estudo, a construção de um cinturão interceptador ao redor do corpo d’água garantiria que pelo menos 70% do esgoto produzido nos 22 municípios da RMRJ fosse levado para ETEs em três anos, com captação em tempo seco. O investimento nessa metodologia aconteceria em paralelo à construção das redes separadoras absolutas, para num longo prazo, garantir a universalização do esgotamento sanitário de toda a região.

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