Segurança Viária para Motociclistas é objetivo da Câmara Metropolitana

Acidentes com motocicletas são a maior causa de morte no trânsito. Foto do Google, do site Fatos Desconhecidos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o 4º país com mais mortes no trânsito no mundo. São 50 mil vítimas de acidente por ano, 128 por dia. Segundo dados do livro Riscos no Trânsito, Omissão e Calamidade, do Instituto Movimento, desde 2009 os acidentes com motocicletas superam, em vítimas fatais, os atropelamentos, passando a ser a principal causa das mortes no trânsito. Entre 2000 e 2012, 958 mil pessoas morreram ou adquiriram algum tipo de invalidez utilizando motocicletas. O alto número de acidentes concentrou, em 2015, 76% das indenizações de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) por morte e invalidez.
Esses dados impressionam. Por isso, a Câmara Metropolitana, a Corporação Andina de Fomento (CAF) e as prefeituras de Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti, Duque de Caxias, Nilópolis, Mesquita e Belford Roxo juntaram-se em uma iniciativa inédita para alcançar a meta de redução de mortes no trânsito nas vias públicas. Seguindo uma tendência mundial endossada pela ONU ao decretar, em 2011, que o mundo tinha uma década para salvar 5 milhões de vidas no trânsito, e acrescentar, em 2015, que o foco deveria ser em motociclistas, ciclistas e pedestres, vão lançar o programa Segurança Viária para Motocicletas.
A proposta da CAF para implantar essa experiência piloto no Brasil motivou a Câmara Metropolitana a estabelecer um acordo de Cooperação Técnica no momento em que o Estado do Rio, junto com o Consórcio Quanta-Lerner, elabora o Plano Estratégico de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Além de considerar que o grande número de acidentes com motos impacta social e economicamente toda a região, este estudo vai subsidiar os Planos de Mobilidade dos municípios envolvidos, tendo em vista o alto índice de acidentes.
O objetivo é desenvolver uma metodologia que permita melhorar a segurança das viagens de moto, além da construção de um plano de segurança viária para os motociclistas, de forma participativa, com os agentes públicos e privados, identificando os principais problemas, propondo soluções e monitorando os resultados.
Lançamento do programa
Um amplo levantamento de dados e pesquisas de opinião foi feito para entender o universo da motocicleta e de seus condutores, as condições de segurança dos motociclistas, assim como as taxas de sinistralidade nos sete municípios estudados.
A partir de agora, Oficinas Participativas serão promovidas com os agentes públicos e privados para conhecer seus pontos de vista sobre a questão da motocicleta. O foco será em selecionar possíveis ações integradas e identificar divergências entre os representantes dos setores.
A próxima fase prevê o fechamento do acordo, que estabelecerá as bases gerais e as condições técnicas e operacionais relativas à cooperação, identificando qual o papel de cada instituição na construção do plano, foram feitos. Na sequência, será feita uma análise das propostas e um planejamento para entender a melhor forma de execução das ações, elegendo as prioridades com base em critérios de viabilidade e eficácia, assim como nas melhores práticas internacionais. Nessa análise, também serão identificadas as medidas a serem aplicadas em curto, médio e longo prazo, de forma conjunta ou por município, e as formas de monitoramento pós implementação do plano.
A publicação e a apresentação do Plano de Segurança Viária para Motociclistas estão previstas para junho deste ano.
Alguns dados interessantes |
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Além do tempo de percurso menor, no Brasil, o valor do combustível para o deslocamento de 7 Km de motocicleta equivale a 1/3 da tarifa do ônibus. Isso contribui para que esse meio de transporte represente 27% da frota nacional. As motocicletas de até 150 cilindradas correspondem a cerca de 80 % da produção brasileira, visando atender a demanda crescente da população de baixa renda. |
Perfil do motociclista |
– 47% têm menos de 35 anos |
– 75% do sexo masculino |
– 75% compram moto para fugir do transporte público ruim |
– 85% dos compradores nas classes C, D e E |
– 95% vivem em áreas urbanas |
Acidentes com motos |
– 70% dos acidentes com motocicletas geram vítimas que requerem serviços de resgate e atendimento médico-hospitalar |
– 48,4% do custo das internações hospitalares por acidentes de trânsito do SUS |
– aumento de 41,7% no número de vítimas entre 2001 e 2011 |
– 33,9% dos óbitos por acidente de trânsito |
– 55,7% se deslocavam a lazer na hora do acidente |
Fontes:
– Organização das Nações Unidas (ONU)
– Livro: Risco no Trânsito, Omissão e Calamidade – Eduardo A. Vasconcellos (2013), pelo Instituto Movimento
– Mapa da Violência 2013 – Acidentes de Trânsito e Motocicletas
– Material produzido pela equipe da Câmara Metropolita do Rio de Janeiro